Marcopolo 8D70 em Belo Horizonte por Eduardo Vasconcelos - ID:11668868

provavelmente não... ele é piso baixo, e piso baixo já saiu de moda faz tempo em BH

Bom ponto. Me pega demais pensar que BH foi pioneira, há mais de DUAS DÉCADAS, em implementar acessibilidade de verdade à todos com os veículos de piso baixo, hoje em dia é basicamente proibido falar essas duas palavras aqui rs

Esse Attivi vai rodar em testes pela Coletivos São Lucas.

Sobre os piso-baixo em BH na virada do ano 2000: Foi um desastre porque não tinha como ser diferente. A tecnologia era nova no país, as empresas não estavam preparadas, a topografia não ajuda, e os políticos como sempre fizeram canetada apenas para se exibir usando o transporte coletivo de palanque. Piso-baixo não é ônibus para todo tipo de operação, de forma irrestrita. Porém, hoje em dia, quase 25 anos depois, as capacidades técnicas destes veículos são bem mais avançadas. Este Attivi por exemplo possui eixos muito mais resistentes do que os usados nos B7R e L94UB do final dos anos 90, sendo escolhidos de forma superdimensionada pela engenharia da Marcopolo. Além disso, o Attivi conta com suspensão de altura ajustável que permite que o veículo se adapte em tempo real às condições da via mediante o toque de um botão. Mesmo sendo piso-baixo, este ônibus vai tolerar melhor os morros de BH do que o BYD tolerou. O que interessa pro empresário não é a altura do piso nem posição/tipo de motor, e sim se o carro aguenta o tranco pra operar e trazer lucro.

valeu pelas infos! Legal demais essa tecnologia de altura ajustável. Não sei o custo resultante da implementação/manutenção dessa tecnologia, mas de fato é muito útil para casos de cidades com topografia como a BH.
Agora, sobre os piso-baixo em BH, você disse tudo e apresentou um ponto fundamental que deixei passar: Não é que o transporte municipal daqui apresentou essa tecnologia na época pensando em acessibilidade para todos, mas sim que a politicagem utilizou dela para se exibir. Juntando isso com o fato das empresas fazerem (quase que) o que bem entendem com o transporte daqui, fica fácil entender o porquê do lucro ser tão otimizado a ponto de conforto mal entrar na conta.
Uma pergunta: Você disse que esse tipo de ônibus não é para todo tipo de operação, certo? E de fato concordo que se pensarmos em terrenos não asfaltados e afins fica complicado utilizar esse tipo de veículo, sem contar que em linhas de longa distância, sem muitos embarques e desembarques, como uma 8350 direta, por exemplo, talvez seu uso não seja tão otimizado. Mas lembro de ver discussões sobre grande parte das linhas diametrais de BH mesmo, por exemplo, não serem aptas a esse tipo de veículo. Dado seu conhecimento técnico, você concorda com isso e, caso sim, acha que é por aí mesmo? Talvez meu pensamento seja um tanto quanto utópico: Sei que no fim do dia é um negócio e que ele deve ser sustentável, mas penso também em acessibilidade para idosos, pessoas com mobilidade reduzida, obesos, gestantes e cadeirantes sem precisar passar por aquela situação toda do elavador.
Obrigado pelas informações detalhadas de sempre! Abraço

Então, vamos lá. É difícil pensar uma frota com carros variados específicos para cada linha, é economicamente inviável na maioria dos sistemas, porque é necessária certa padronização para garantir uma remuneração justa, e também é preciso que as viaturas sejam flexíveis para atuar em mais de uma linha ou duas. No mundo ideal, teríamos veículos de piso alto e balanços curtos em bairros de relevo mais acidentado, integrando com padrons de piso baixo em corredores mistos, ou padrons de piso alto em corredores exclusivos. No mundo real, eu preciso que um carro rode de manhã num circular central e à tarde e noite numa diametral com vários tipos de relevo. A palavra de ordem não pode ser piso alto ou baixo, e sim resistência. Em BH principalmente, precisamos de ônibus resistentes.

O maior problema dos piso-baixo do fim dos anos 90 é que eles eram extremamente frágeis. Na porta da minha casa passaram por dez anos os L94UB da Viação Serra Verde, posteriormente comprados pela Cia. Atual - SM Transportes. Sempre, desde novos, eles apresentaram problemas na suspensão: amortecedores e balões de ar estourados, braços e suportes trincados, e por aí vai. Estes são os defeitos que eles tinham por serem piso-baixo, não estou nem mencionando as outras falhas crônicas da série 4 da Scania que eram iguais para toda a linha.
No final do dia, se o ônibus aguenta o tranco, a posição do motor ou a altura do piso não importa muito. Claro que, quando pensamos em acessibilidade, quanto mais baixo, melhor. Por isso a altura dos degraus foi limitada pela ABNT, bem como a distância do solo no ato do embarque está a cada edição mais baixa e menos tolerante.